Renda ‘per capita’ fica abaixo da média em 48% dos municípios

Apesar do avanço do Brasil no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) nas últimas duas décadas, a renda per capita de quase metade dos municípios brasileiros em 2010 era inferior à media nacional registrada em 1991. É o que revela o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, lançado esta semana pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Segundo o levantamento, que usa dados dos censos do IBGE, 2.663 cidades — 48% do total — tinham renda per capita mensal em 2010 abaixo de R$ 447,56, a média do país em 1991.

O Nordeste responde por 1.717 municípios nessa situação, seguido por Norte (364), Sudeste (424), Sul (80) e Centro-Oeste (78). A Bahia concentra 386 delas. Minas Gerais, 381. O Rio de Janeiro, seis: São Francisco de Itabapoana, São José de Ubá, Varre-Sai, Japeri, São Sebastião do Alto e Tanguá, com renda per capita entre R$ 375,49 e R$ 440,84, em 2010.

O fato de estarem abaixo da média nacional 20 anos depois não significa que esses municípios tenham parado no tempo. Pelo contrário. Segundo o economista Marco Aurélio Costa, coordenador do Atlas no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão parceiro do Pnud na elaboração do relatório, o problema é que essas cidades tinham níveis de renda per capita tão baixo em 1991 que, mesmo crescendo em velocidade superior à do país, chegaram a 2010 abaixo da média nacional de 20 anos antes:

— A questão é o ponto de partida. O Brasil era absurdamente desigual em 1991. E a maior parte desses municípios certamente experimentou um crescimento de renda de 300% ou 400%, bem acima dos 77% da média nacional. Foi um avanço grande.

Destaque social

Segundo ele, os 2.663 municípios tinham 45 milhões de habitantes — 24% do total no país. Ou seja, eram majoritariamente de pequeno porte.— O Brasil até 1980 era um destaque econômico e uma decepção social. O milagre foi econômico. As duas últimas décadas são um período em que o Brasil tem um destaque social. A gente evoluiu — diz o ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Néri, que é também presidente do Ipea.Para o professor de economia do curso de Administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM) José Eduardo Balian, o fator que mais contribuiu para o atraso dos municípios foi a má gestão. Outro problema, destacou, é a péssima qualidade da educação, com professores despreparados e mal remunerados.

Erro no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, lançado segunda-feira, afetou dados dos gráficos das pirâmides etárias, de 2010, dos municípios do país. Gráficos de pirâmides apresentavam mais homens que mulheres na maioria dos municípios do país. O item foi temporariamente desativado e corrigido ontem na plataforma na internet publicada pelo Pnud com o Ipea e a Fundação João Pinheiro.

Fonte: O Globo

 

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